JARDIM DO ENGANO
Pelos estreitos recônditos da vidaCatei devota a senda de um amor
E foi em bucólicos becos na ida
Que me deleitei em aromas e cor
Ladeada de muros verdes cor de pedra
que se mesclam como amantes
Inspirei o odor do musgo, que lá medra
E meus olhos pausaram, verdejantes
Sonhei-te e vi-te entre o arvoredo
Amei-te e dei-me toda solta em ti
Temente adentrei-me perdi o medo
Amando o tudo que por ti senti
Procurei refúgio nos teus abraços
Alívio casto da solidão maldosa
Parti, desolada e sem criar laços
Eras caos e trevas… luz dolosa
Juras não cumpridas e inverdades
Rasgaram sonhos, frias e penetrantes
Revelando cobardias e deslealdades
Afeições ocas e delírios repugnantes
Decidi proibir-me de amar e sonhar
Cansada do engano e da incerteza
Aconchego-me no regaço da tristeza
Resigno-me serena invadida pela leveza
Apática de quem já nada quer esperar
**** Camila Carreira ***