Poema de amor e rimas, ama sem ter quem amar

Alma de quem ama mas já não quer amar 

camila carreira, poemas de amor rosas e cinzas, poesia portuguesa
A Luz trespassa o fusco vago do mar
Cintila no espelho espumado, a ofegar
Ondeando teimando em vir sem ficar
Como quem ama, sem ter quem amar
                            *
Cores que sombreiam a noite eminente
Anunciada na lua pálida alva luzente  
E dos tons vivos o crepúsculo fica ausente
Como coração vazado, de beijos carente
                           * 
Desanimo na grandeza fugaz do mundo
Pujante, imensurável como o doer profundo
Prefiro olhar alheia como quem não quer ver
Porque vivo bassa como quem não quer viver
                        *
E as ondas eriçam-se frias, iradas por mim
Infinitas incessantes como a fúria sem fim
Desespero por paz num refúgio de ilusão
Onde finjo que sim... mas em tudo é não
                       *
Porque dessas rochas polidas de tanto mar
Escorrem gotas de sal do meu solto chorar
E rugem ondas arrancadas da alma a gritar
Alma de quem ama mas já nem quer amar

**** Camila Carreira ***



Momentos de cultura e curiosidades poéticas... 


Alberto Caeiro
A espantosa realidade das coisas

Poema do amor escudado e frio

O sol fita-me sem verdade
De olhar evidente que queima
camila carreira, poesia e quadras de amor, versos rimas namorar
Alto indiferente sem piedade
Como castigo vil em que teima

E quando o sol me não fitar
Recolhido no remoto crepúsculo
Seguirá mesmo assim a queimar
Este meu ser que lhe é minúsculo

Porque tinhas que ser assim
Sol impenetrável e castigador
Fugido no horizonte sem mim
Escudado de frio ao meu amor

Nessa névoa que te encobre
Onde jamais te encontrarei
Nessa tua imponência nobre
Intimidas-me, é tudo que sei

*** Camila Carreira  ***

Momentos de cultura e curiosidades poéticas... 


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