Já não quero sonhos quero amor
Dói forte e ardentemente
Uma dor que não tem fim
Amar assim perdidamente
Um amor distante de mim
Nos sonhos és quem eu quero
Poeta, soldado, rei ou professor
Acordo triste na solidão mas espero
Já não vivo de sonhos, quero amor
O tempo veloz simula ter parado
Malvado tão só pra me castigar
Pra te manter no tempo afastado
Amor que tanto te quero encontrar
Exaspero por te sentir e te respirar
Sonho o eclipse mágico de te beijar
Anseio insana fitar doce o teu olhar
E quando este sonho se concretizar
Vou pedir ao Universo pra parar!
***Camila Carreira***
Momentos de cultura e curiosidades poéticas...
O universo libertário dos sonhos é um ponto de encontro de predileção dos poetas, ao longo dos séculos reúnem-se em torno deste refúgio fantasioso onde tudo é permitido e as confissões afloram e se transformam.
Eis alguns exemplos de poetas que escreveram sobre os seus sonhos... ou que sonhavam.
SONHOS... de Florbela Espanca
Ter um sonho, um sonho lindo,
Noite branda de luar,
Que se sonhasse a sorrir...
Que se sonhasse a chorar...
Ter um sonho, que nos fosse
A vida, a luz, o alento,
Que a sonhar beijasse doce
A nossa boca... um lamento...
Ser pra nós o guia, o norte,
Na vida o único trilho;
E depois ver vir a morte
Despedaçar esses laços!...
...É pior que ter um filho
Que nos morresse nos braços!
SONHO de Fernando Pessoa
Sonhei esta existência de venturas,
Sonhei que o mundo era só d'amor,
Não pensei que havia amarguras
E que no coração habita a dor.
Sonhei que m'afagavam as ternuras
De leda vida e que jamais palor
Marcou na face humana as desventuras
Que a lei de Deus impôs com rigor.
Sonhei tudo azul e cor-de-rosa
E a sorte ostentando-se furiosa
Rasgou o sonho formoso que tive;
Sonhando sempre eu não tinha sonhado
Que n'esta vida sonha-se acordado,
Que n'este mundo a sonhar se vive!
Fernando Pessoa Nasceu a 13 Junho 1888 (Lisboa, Portugal)
Morreu em 30 Novembro 1935 (Lisboa)
Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta, filósofo e escritor português. Fernando Pessoa é o mais universal poeta português.
Doce sonho, suave e soberano por Luís Vaz de Camões
Doce sonho, suave e soberano,
Ah! quem de sonho tal nunca acordara,
pois havia de ver tal desengano!
Ah! deleitoso bem! ah! doce engano,
se por mais largo espaço me enganara!
Se então a vida mísera acabara,
de alegria e prazer morrera ufano.
Ditoso, não estando em mim, pois tive,
dormindo, o que acordado ter quisera.
Olhai com que me paga meu destino!
Enfim, fora de mim, ditoso estive.
Em mentiras ter dita razão era,
pois sempre nas verdades fui mofino.
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