
É essencial ser vasto, amplo, voar mais alto
ter sido pássaro nalguma vida
Pairar sobre tudo carregando nada
Arrasto minha sombra na esplêndida vastidão do mar
E voejo a indagar
estigmas gradeados onde há antiguidade
Esse cais das almas feridas atracadas, sabidas
Onde apodrecem turvas águas estagnadas
Dogmas... sombras quietas acorrentadas
Incerta velejo desacorrentada
Do que busco aí não há nada
Navego adentro de mim primeiro
Depois lírica, solta em barco veleiro
Arrasto pássaros nos olhos, alucinantes
Contrariando astuta a lentidão da vida
E nas horas robustas debato-me
Voando como se as asas rompessem o vento
Sentindo estreitar safras de verdade
Nas famintas fissuras da minha alma
Nunca aceitei o todo por metades
Os vazios...
Quis ir aos limites da audácia dos segredos
Desafiando os mais ancorados medos
Tragando a mais intragável das verdades
Quebrando correntes
revolvendo o estagnado
Questionando com afronta, o dogmatizado
Penso do tamanho do que sinto.
Olhares obsessivos nas palavras.
... e aí bem dentro de mim
mantenho todos os desejos de saber, intactos.
Nasci pura, heróica, sedenta, curiosa, poética.
Vivo autêntica
na força que me move... o amor pela verdade.
Camila Carreira