
nas portas do meu inferno
olhares frouxos sem movimento
num cosmos que não é meu
alma minúscula
por ti curvada é toda nua... só tua
boca de rosas e aromas perversos
anjos e demónios diversos
Inaudíveis transmutados em versos
Raio de luz a bruma da saudade
Beijo o dia nos salpicos da claridade
tudo é vago e baço sem sol
sem verdade.
Toco no espaço aspiro liberdade
olho alto vibrações de olhos cerrados
negando a imponente verdade
****Camila Carreira****
Momentos de cultura e outras curiosidades poéticas
Fernando Pessoa
O pensamento é enterrado vivo
O pensamento é enterrado vivo
No mundo e ali sufoca.
Sufoco em pensamento ao existir.
Oh, horror! Oh inferno verdadeiro
Passado no frio âmago desta alma
Que se encolhe e arrepia de pavor
Como querendo desaparecer
E é consciente sempre de ter vulto
Para o pavor tomar. Oh sumo horror
Que o universo (...)
Sufoco em alma! Suma-se-me a vida
E a consciência e eu deixe de pensar
De fitar o mistério e sem querer
Compreender-lhe o horror! Abra-me o sonho
Ou a loucura a tenebrosa porta
Que a treva é menos negra que esta luz.
O terror desvaria-me, o terror
De me sentir vivo e ter o mundo
Fechado a laços de compreensão
Na minha alma gelada de pavor.
s.d.
Fausto - Tragédia Subjectiva . Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988. - 21.
1ª versão inc.: “Primeiro Fausto” in Poemas Dramáticos . Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de Eduardo Freitas da Costa.) Lisboa: Ática, 1952 (imp.1966, p.85).
parabens, quando escrevemos com alma, só podem sair coisas lindas.
ResponderEliminartropecei em ti no face e gostei do que li, nao podia deixar de visitar o teu blogue
Muito obrigada pelo seu comentário e pelo apoio. É apenas um hobby, mas faz bem à alma escrever... Grata
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