
Tentei fugir de te amar
Cansada de dor e a sucumbir
Dias sós de lágrimas a brotar
Por um amor que nem quero sentir
Torpe doer que me vicia
De todos sentidos tanto me exigia
Como boca que não se sacia
Obliquo de noite e de dia
Amar só me consumia
na dor que me perseguia
Amor que nas árvores florescia
No bolhar do mar efervescia
Gelava nos mármores do altar
Molhava os meus olhos ao luar
Suspirava no meu respirar
Nas portas que fechava rangia
Viciava os livros que eu lia
Acordava-me enquanto dormia
Doendo... a dor Ubíqua doía...
No horizonte era névoa e nostalgia
Na solidão minha viva companhia
E mesmo quando triste eu sorria
Amar-te também me feria
A dor é suprimento clandestino
Quente e vasta te procrastino
Sem amar seria eu fria e vazia
E por certo, inerte e pétrea... morreria!
*** Camila Carreira ***