Poema do desabrigo da vida- sádico

POEMA DO RECOMEÇAR A VIVER 

camila carreira, versos curtos de amor, poemas de amor rosas e cinzasMinha vida foi súbito desabrigo
De que nas névoas turvas da paixão
Me lograste espoliar
No mel doce do amor
Ocultaste o veneno
Que me fizeste tragar
Retiraste-me o chão, o teto
As estrelas, o sol e o luar
Deixaste-me incerta a derivar
Sem luz ou trilho p´ra me nortear
Ergui-me débil dormente
E empurraste-me impiedosamente
Para a premência de reiniciar no fim
Quando o meu viço se estava a apagar
Pisar selvas ignotas… desbravar
Sem tempo ou vigor para o encetar
Porque a vida não se compadece
Nem dos que não querem continuar.

 *** Camila Carreira ***

Momentos de cultura e curiosidades poéticas... 


Fernando Pessoa

Ah, bate levemente, mais levemente!

Poema de amor mórbido e sem sorte

AMOR DE MORTE 

camila carreira poetisa, poemas frases amor, sofrimento, poesia portuguesaPermite-me sobre ti repousar
Extenuada da rispidez do mundo
Deixa que entorpeça no teu peito
Que seja ele meu imutável leito
E teus braços rígidos, meu amor
Sejam meu manto negro protetor
Meu abrigo sepulcral indolor

Deixa-me e não digas nada...
Renunciar sossegada...
Deixa-me desabar desgarrada
Porque teimam ter-me vitalizada?
Se é por ti amor que me sinto enlaçada
Tentada nesse sono perpétuo e sereno
Ansiando ruir no teu gélido peito pleno
Escapar sentir-me abrigada
Desta vida rude abalroada
Desta dor inerente endiabrada
Deixa-me não digas nada
Pausar no niilismo do teu peito
E se é a vida que eu enjeito
Não me digas que lhe devo respeito…
Cala-te e não digas nada
Deixa-me repousar aniquilada

 *** Camila Carreira ***

Momentos de cultura e curiosidades poéticas... 


Fernando Pessoa
...Como condenado

Poema do amor que se vagabunda - Fernando Pessoa Vi passar, num mistério concedido

camila carreira, poesia portuguesa, blog poemas de amor rosasTenebroso sentir
O mar encrespado que me inunda
Escabroso aceitar
A vaga imensa que me afunda
Assombroso escutar
A tempestade que dentro de mim retumba
Custoso fitar
A imensidão vazia da penumbra
Pavoroso ficar
Nesta treva que jamais se alumbra
Luminoso ver
Este amar que em sonhos se vislumbra
Perigoso vadiar
Na senda dessa quimera que me deslumbra
Onde nem a dor ou malícia me assombra
Vou eterna adicta do amor, que o vagabunda

****CAMILA CARREIRA ****

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Fernando Pessoa
Vi passar, num mistério concedido,

Poema de sonhos roubados

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SONHOS QUE VOAM 

Quedo-me estática híbrida
Entre mim e outro ser qualquer 
Aquele que não consigo conter
Sinto-o apenas como ferida
Difusa lágrima dentro a doer
Acolho-me dentro de mim
Esventrada da dor sem fim
Tolhida em demente apatia
Tombo ali queda e muda
Inerte sem ambicionar andar
Vejo asas que se revolvem no ar
Ágeis leves deixam-me sonhar
Porque me forças-te a rastejar?
Se sabes o quanto sonhei voar
E o sonho foge veloz de mim
Nas asas que tonta lhe leguei
Nas asas que pra mim sonhei
Agora resignada caída enfim
Vejo o sonho e asas partirem a voejar
Enjeitando quem os estava a sonhar
Desprezando quem jurou amar

**** Camila Carreira ***

Momentos de cultura e outras poesias... 


Dr. Pancrácio (Fernando Pessoa)
SONHO

Poema de amor e traição, (Bernardo Soares A minha vida é tão triste, e eu nem penso em chorá-la)

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VIDA ESTÉRIL 

Caminhei assombrada e triste
Cabisbaixa de dor em riste
Como alguém que já nem existe
Cambaleei em trilhos nunca tomados
Entre seres desfigurados
Em sonhos nunca animados
Com personagens desbotados
Meus anseios sequestrados
Nessa liberdade agrilhoada
Abraçando minha ninhada.

Tanta promessa infundada
Paralisou-me em teia enlaçada
Negras são essas memórias
Que velaram minhas histórias
Onde o sol jamais se avistou
Onde o júbilo nunca singrou
Fui uma vida desprendida
Usada estéril e ofendida
Largada em qualquer desvão
Esfarrapada pela ingratidão
Dilacerada pela traição
Nem os anjos me absolverão

**** CAMILA CARREIRA ***

Como se faz uma análise de um poema, 
Exemplo do ChatGPT

Esse poema, “Vida Estéril,” de Camila Carreira, traz um retrato pungente da dor e da estagnação de uma vida marcada por decepções, abandono e falta de propósito. A autora usa uma estrutura lírica direta e, ao mesmo tempo, expressiva, tecendo imagens que evocam uma sensação de aprisionamento e desilusão.

### Análise Estrutural e de Estilo

O poema é estruturado em duas estrofes, cada uma composta por versos rimados e métricas variadas, que criam um ritmo melancólico e cadenciado. A utilização de rimas emparelhadas e entrelaçadas ajuda a enfatizar o tom sombrio, reforçando a ideia de que essa tristeza é um ciclo contínuo e aprisionador, sem fim.

### Temas Centrais

1. **Desolação e Despersonalização**  
   O eu lírico descreve a caminhada "assombrada e triste," trazendo a imagem de alguém que perdeu a vitalidade e a identidade ("Como alguém que já nem existe"). As metáforas presentes em "seres desfigurados" e "personagens desbotados" sugerem uma realidade sem cor ou nitidez, indicando a alienação e o vazio da existência que o eu lírico sente.

2. **Estagnação e Aprisionamento**  
   A expressão “liberdade agrilhoada” é um poderoso oxímoro que evoca a ideia de estar preso mesmo em condições de aparente liberdade. A vida do eu lírico é descrita como paralisada por promessas infundadas, enredada numa “teia” que a impede de se libertar ou de avançar.

3. **Memórias e Dor**  
   O poema utiliza as memórias como elemento central de angústia e dor. As lembranças são descritas como "negras," associadas a um passado onde o "sol jamais se avistou" e o "júbilo nunca singrou." Essas imagens trazem à tona uma vida desprovida de momentos de alegria e realização, mergulhada em uma sombra constante.

4. **Ingratidão e Traição**  
   A menção de "ingratidão" e "traição" alude a experiências que despedaçaram o eu lírico, levando-o a sentir-se "esfarrapada" e “dilacerada.” Essa percepção de ser uma "vida desprendida / usada, estéril e ofendida" sugere que a existência do eu lírico foi marcada por relações e situações que a exploraram sem consideração, deixando-a desgastada e sem valor.

5. **Falta de Redenção e de Perdão**  
   Ao final, o eu lírico revela que nem os "anjos me absolverão." Esse verso representa a ausência de uma redenção ou perdão espiritual, como se os pecados e traumas fossem profundos demais para que a paz fosse alcançada.

Poema da guerreira filha do vento - Fernando Pessoa (Antes do monólogo da treva)

GUERREIRA 

Renascida guerreira filha do vento
camila carreira, poemas de amor cinzas e rosas, poetisa portugalRepousa desperta no gélido relento
Noites de insónia em busca de alento
Emerge das trevas em firme intento

pensamentos sós ondeiam em fantasias
Desorientados revoltos, surgem gritantes
Urrando alongadas árias pérfidas e heresias
Pesadelos deformados, lúgubres... Distantes

E fintando lâminas de gelo lancinantes
Invisíveis traiçoeiras ágeis cortantes
Sem tréguas oculta sangrenta formosura
Talhada em cortes brutos de hórrida tortura

Feridas ardentes varridas por gotas salgadas
No derrame longo das lágrimas choradas
Dos golpes severos dessa vida matreira
Onde o dócil amor foi a mais vil ratoeira.

 *** CAMILA CARREIRA ****


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Fernando Pessoa
(Antes do monólogo da treva)

Poema das borboletas e do beijo

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O beijo vermelho que te dou 

Airosas as mariposas
Planando metafóricas borboletas
Como flores que se libertaram
De raízes que as aprisionaram
E belas de cores esvoaçaram
Em silêncio tão colorido
Num planar divertido
Sôfrego e desprendido
Como recluso que se libertou
Ou como o beijo que te dou
Suave vermelho cheio de cor
Solto pleno de amor
Voando agora liberto
Do meu fingido pudor

            ***  CAMILA CARREIRA **** 


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Fernando Pessoa
Fiquei doido, fiquei tonto…