Poema sedenta dos teus beijos - Fernando Pessoa - Sê plural como o universo!

O universo onde os teus beijos são a minha constelação 

camila carreira, poesia portuguesa, contemporâneaSinto seiva humedecendo os meus lábios
Doce meiga aguando sedenta do teu beijo
Escuto cada um de teus dizeres sábios
Apaixono-me és tanto... tudo que almejo

E entre cada palavra tua nascem meus desejos
Que te beijam e calam em ímpetos violentos
Suplico que sejas só meu sem pudor nem pejos
Ardem em mim desvarios danados ciumentos

No teu olhar fixo-me voejo em enigmas fascinantes
Porque amar não se pensa nem carece de explanação
Amar é a pura alegoria que doura todos os instantes
É universo onde teus beijos são minha constelação

 *** Camila Carreira ***

Momentos de cultura... 

Fernando Pessoa

Poema de amor Suplico por ti - SAUDAÇÃO A WALT WHITMAN – Álvaro de Campos

Quando não me estás a amar
Espero por ti...
camila carreira, poemas de cinzas, versos curtos amor, romanticosEstirada… agastada
Pela saudade devorada
Pelos sinais de ti deliciada
Pela tua lembrança projectada
Como num filme a 3D
Sonho-te em espaços
Tanto quanto me apeteces
E tu apareces
Visitas-me minuto a minuto
segundo a segundo
Invades-me, sinto-te
Falas-me e sorris-me
Sussurras todos os pecados
e pairamos desnudados
...a solidão desvanece
Mas nada é o que parece
És apenas minha prece
Porque a saudade cresce…
Porque não estás aqui
Suplico por ti
Vem acalora-me
Na quentura do teu olhar
Abrasa-me
Na ardência, do teu respirar
Amorna-me
Na tepidez do teu abraçar
Repele a frieza áspera do ar,
Porque há chuva e frio na rua
E tempestades ecoam ao luar
Sinto o meu mundo gelar
Quando não me estás a amar

 *** Camila Carreira ***


Momentos de cultura... 

A admiração e até a identificação que Fernando Pessoa tinha pelo autor norte-americano Walt Whitman e pela sua obra influenciaram a criação de alguns heterónimos criados pelo poeta, tais como Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.
"O próprio Fernando Pessoa definiu o seu heterónimo Álvaro de Campos como um Walt Whitman com um poeta grego lá dentro"

Poema de procura do amor - Bernardo Soares - DIÁRIO LÚCIDO

versos de amor, poesia romantica, poesia portuguesa, frases de amarDIAS DE SOLIDÃO 

Tem dias assim…
A solidão senta-se altiva dentro de mim
Intransigente…
Lentamente
Intimida-me naquele ar assente
De quem veio para ficar.
Quase mansa e amiga
Uma solidão vasta e ostensiva
Como a imensidão do mar
Onde tudo parece longe e só
onde nada há para se avistar.
E o cansaço veleja a ruminar
Em ondas que não querem parar
Uma solidão que já nem angustia
Porque esse mar amplo e vazio
apega-se e norteia o pensamento
Guia-se pelas estrelas ao luar
Solto-o, incerto vadio e lento
Fecho os olhos deixo-o a pairar
Sorrio...
Adivinhando quem ele vai procurar
Para me sossegar.
Procura quem eu amar...
Um dia vai-te encontrar

*** Camila Carreira ***

Momentos de cultura...

Fernando Pessoa

Minha mulher, a solidão,

Poema de amor e saudade sem fim - Bernardo Soares A história negas as coisas certas.

Dor de saudade 

Não tinhas o direito de ser assim 
Ser tanto na minha vida…
Ser tudo para mim.
De iluminar o meu universo
Antes tão tenebroso
De ter contigo, esse sorriso
Fácil e luminoso
Esse olhar que me fala,
Intenso e misterioso
Esses lábios que extasiam,
Perfeitos e pecaminosos
Esse encanto magnético
Pulsante e imperioso
Essas mãos eléctricas
De toque tão poderoso
Não é justo… é doloroso.
Se era para ser assim,
Para seres tudo e tanto para mim
Tinhas que estar sempre, sempre…
Bem junto de mim.
E sanar esta dor, esta saudade sem fim

 *** Camila Carreira ***

Momentos de cultura... 

Bernardo Soares
A história negas as coisas certas.

Poema de liberdade e motivação

Alma minha, cativa esvoaça

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Voa, voa… esvoaça
Liberta-te e vai com graça
Não te enleies na desgraça
Voa voa… vai e enfurece
Solta-te leve e engrandece
O tempo não se compadece
Voa voa… levezinha
Foge da inércia daninha
Ostenta a força que é minha
Voa… vai apressada
Solta-te da corrente apertada
Não te prendas em mais nada
Voa voa… mais além
Não te detenhas por ninguém
os ingratos não agradecem
Voa voa… já segura
O teu esvoaçar perdura
Com ousadia e bravura
Voa voa … alma triste
Que longe, a alegria existe
Tu sabes, já a sentiste
Voa voa… alma minha
Agora não estás sozinha
Levas nas asas o meu alento
Esperança de renascimento
Não te deixes quebrantar
Confio no teu sôfrego voar
Desdenha o que te protrai
Esquece quem te trai
Quem te fere e extenua
Bate as asas e continua…
Voa … estamos tão perto
Não temas mais o incerto
Nem a vastidão do deserto
Porque a vida é pequenina
E o futuro sempre um enigma
Eternamente em aberto
Não esperes pois plo certo

*** Camila Carreira ***


Como analisar um poema 

Este poema expressa um apelo à libertação emocional e ao reencontro com a força interior, simbolizado pela metáfora do voo. A imagem da alma que "voa" e "esvoaça" representa um desejo de liberdade, leveza e transcendência, em contraste com as dificuldades e amarras que prendem o eu lírico. A mensagem subjacente é de superação, autoconfiança e resistência, onde o tempo é impiedoso e a vida é passageira.

### Análise detalhada:

1. **Libertação e Força Interior**:
   O poema inicia com um imperativo, "Voa, voa… esvoaça", que reforça a urgência em libertar-se de qualquer peso que a desgraça ou as circunstâncias possam impor. A repetição de "voa" ao longo do poema simboliza uma busca contínua pela leveza e pela elevação, uma superação da dor que oprime. "Não te enleies na desgraça" estabelece uma oposição direta entre a leveza almejada e o sofrimento que deve ser deixado para trás.

2. **Conflito com a Dificuldade e Superação**:
   O eu lírico encoraja a alma a não se deixar aprisionar pelas correntes do sofrimento, da inércia e da traição. "Foge da inércia daninha" e "Solta-te da corrente apertada" expressam essa vontade de romper com o que limita a liberdade e o crescimento. A alma é vista como capaz de engrandecer e ostentar força, apesar dos desafios e ingratidões que enfrenta: "os ingratos não agradecem".

3. **Esperança e Renascimento**:
   O poema não é apenas um grito de dor, mas também um cântico de esperança. "Agora não estás sozinha / Levas nas asas o meu alento" sugere que, apesar da solidão passada, existe uma renovação e uma força que sustenta o voo. A metáfora do voo continua a funcionar como um símbolo de renascimento e de reencontro consigo mesma. A alma, que outrora estava perdida, agora reencontra um propósito no voar.

4. **O Tempo e a Vida como Enigma**:
   A incerteza sobre o futuro é mencionada, mas sem temor: "O futuro sempre um enigma / Eternamente em aberto". A vida é apresentada como breve e imprevisível, e o eu lírico incentiva a viver sem esperar "plo certo", aceitando o incerto como parte natural da existência. Isso reflete uma aceitação madura da complexidade da vida.

Poema de saudade de amar

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Olhei fundo no teu olhar
E perdi-me no teu mistério
Errante, pretendi encontrar
Aconchego no teu império

Inspirei ávida o teu respirar
Invadiste-me, fiquei suspensa
O tempo deixou de passar
E a vida ficou mais intensa

Há momentos de despedida
Momentos de dor desmedida
Quando temos que partir
Se apenas almejamos ficar.
Urge sentir refúgio…ou guarida
Num amor para toda a vida
Que nos acolha, para sossegar.

*** Camila Carreira ***

Momentos de cultura... 

Álvaro de Campos
Com as malas feitas e tudo a bordo