Poema de amor bálsamos de mel e fel

camila carreira, poemas de amor rosas e cinzas, portuguesaO QUE É O AMOR

Amar é veneno agridoce
Que sofregamente tragamos
Incansavelmente mendigamos
Esses efémeros momentos
De bálsamos de mel
Com travos de fel.
Amar é sentir na pele
Deleitosas ondas de calor e dor
Ardendo e doendo…
Mas querendo
Amar é o abismo de fim incerto
Amar é vastidão longe e perto
Rota de perdição
Sem guias nem instrução
Não há forma sana de o viver
Nem forma humana de o deter
Este misto de dor e de prazer
Que se apodera de ti para te ter.
Amar é espiral paradoxal
Um círculo viciado e infernal
Amar é sair das trevas
E inalar insaciável, a luz
É pensar que é nosso,
O cume do mundo!!
É a salvação do moribundo
Realentado, quer viver…
É a absolvição dos levianos
E dos profanos, mundanos
Que nos intimidaram
E a quem exoneramos
Porque se amamos,
Não temos tempo
para validar a malvadez
E lá, do cume do mundo,
Não se avista a pequenez

**** Camila Carreira ****

Momentos de cultura e outras curiosidades poéticas.. 


Fernando Pessoa
A tua voz fala amorosa...


A tua voz fala amorosa...
Tão meiga fala que me esquece
Que é falsa a sua branda prosa.
Meu coração desentristece.

Sim, como a música sugere
O que na música não está,
Meu coração nada mais quer
Que a melodia que em ti há...

Amar-me? Quem o crera? Fala
Na mesma voz que nada diz
Se és uma música que embala.
Eu ouço, ignoro, e sou feliz.

Nem há felicidade falsa,
Enquanto dura é verdadeira.
Que importa o que a verdade exalça
Se sou feliz desta maneira?
22-1-1929
Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).  - 108.
camila carreira, poemas de amor rosas e cinzas, portuguesa

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1 comentário:

  1. Amar é podermos andar sozinhos -[se assim tiver de ser]- e sozinhos não sentirmos solidão no fim da estrada!

    Eu estou ainda muito longe de conhecer/ter aprendido/saber tudo; mas: eu sei -[de dentro para fora]- que a pequenez e/ou a malvadez -[infelizmente em profunda expansão social]- mundana/profana/secular jamais será sinónimo de salvação; pois é poço sem fundo imundo. É precisamente a sensatez do bater por amor dos nossos corações que a nós fez/faz/fará vencer o labiríntico ancestral jogo social de xadrez.

    Jamais esqueçam: o real/sincero/verdadeiro cume do Mundo em vez de estéril é profundamente fecundo. É naturalmente AMOR e não arquitetado/fabricado/engenhado desamor.

    Se tu queres experienciar o divino; transforma os travos de fel em firmes degraus. Degraus estes que poderão no final a ti fazer provar uma vez mais o mel providenciado pela tua persistência transformada em esperançosa escada!

    Comentário inspirado no poeta/escritor/filósofo sito no seguinte website:

    www.miltoncoelho.weebly.com

    Para si (senhora poetisa Camila Carreira); para os seus leitores + para as suas leitoras:

    Bem haja/hajam!

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