Poema da traição e do desespero
A esperança em mim disseminadaAbruptamente foi dissipada
Por funesta mão despiedada
Que me derribou... Desgraçada!
E eu... Eu…??
Abreviada de novo ao nada
Azoada no início da estrada
De esperança desesperançada
De sonhos sôfregos acordada
Dos meus desígnios arrancada
De planos idos em debandada
Como bando de passarada
Enxotado desnorteado
Oh almas desapiedadas!
Quem vos pôs no meu caminho
Se o meu tempo era tao curtinho?
E as pedras trôpegas das calçadas
Foram sempre por vós sabotadas?…
Desbotam agora no horizonte
As cores briosas do meu dia
E não há tempo nem alento
Para remediar tua suja cobardia
**** CAMILA CARREIRA ****
Momentos de cultura e curiosidades poéticas...
Pablo Neruda e a poesia do sofrimento
A poesia tem comunicação secreta com o sofrimento do homem."
Nesta frase e neste poema de Pablo Neruda, que em baixo transcrevo, ele explica que a poesía possui, entre outros, um potente motor que é o sofrimento. No entanto não podemos subestimar outros igualmente poderosos motores como o amor, a paixão, o desejo, o belo, etc, todos eles funcionam como motores importantes para despoletar a poesia e a necessidade imperiosa de escrever, que assola aqueles que a escrevem ou tentam escrever. No entanto é importante reparar que a poesia é uma exaltação, seja das coisas positivas que vivemos, seja das negativas. E entre o amor e a dor, existe uma dualidade quase inevitável. Entre a paixão e o sofrimento existe uma simbiose inalterável. Entre o desejo e o desespero existe tambémexcessiva proximidade. Portanto a poesia serve para enlevar, ou exaltar estados de espirito nem sempre positivos nem sempre negativos, mas sempre inevitáveis de sentir. Escrever poesia é uma forma de desenhar ou mapear as emoções mais avassaladoras, tão avassaladoras, que nos turvam a razão, e exigem ser planificadas de forma externa e concreta, para que seja possível um distanciamento que permita um melhor entendimento do que se passou, ou está a passar ou virá a passar dentro da nossa alma.
Pablo Neruda : "A poesia tem comunicação secreta com o sofrimento do homem."
Fica proibido chorar sem aprender.
Levantar-se um dia sem saber o que fazer.
Ter medo das tuas recordações.
Fica proibido não sorrir ante os problemas.
Não lutar pelo que queres.
Abandonar tudo por medo.
Não transformar em realidade teus sonhos.
Fica proibido não demonstrar o teu amor.
Fazer com que alguém pague pelas tuas dúvidas e pelo teu mau humor.
Fica proibido deixar os teus amigos.
Não tentar compreender aquilo que viveram juntos.
Chamá-los somente quando precisa deles.
Fica proibido não seres tu perante todos.
Fingir para as pessoas que não te importas.
Esquecer todos os que te querem.
Fica proibido não fazeres as coisas para ti mesmo.
Não fazeres o teu destino.
Ter medo da vida e dos teus compromissos.
Não viver cada dia como se fosse o último.
Biografia de Pablo Neruda
Filho de um operário ferrroviário e de uma professora primária, nasceu em 12 de julho de 1904, na cidade de Parral (Chile). Seu nome era verdadeiro era Neftalí Ricardo Reyes Basoalto. Perdeu a mãe no momento do nascimento.
Em 1906, a família muda-se para a cidade de Temuco. Começa a estudar por volta dos sete anos no Liceu para Meninos da cidade. Ainda em fase escolar, publica seus primeiros poemas no jornal “ La Manãna”. No ano de 1920, começa a contribuir com a revista literária “Selva Austral”, já utilizando o pseudônimo de Pablo Neruda (homenagem ao poeta tcheco Jan Neruda e ao francês Paul Verlaine).Em 1921, passa morar na cidade de Santiago e estuda pedagogia no Instituto Pedagógico da Universidade do Chile. Em 1923 publica ‘Crepusculário” e no ano seguinte “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada”, já com uma forte marca do modernismo.No ano de 1927, começa sua carreira diplomática, após ser nomeado cônsul na Birmânia. Em seguida passa a exercer a função no Sri Lança, Java Singapura, Buenos Aires, Barcelona e Madrid. Nesta viagens, conhece diversas pessoas importantes do mundo cultural. Em Buenos Aires, conheceu Garcia Lorca, e em Barcelona Rafael Alberti.Em 1930, casa-se com María Antonieta Hagenaar, divorciando-se em 1936. Logo após começou a viver com Delia de Carril, com quem se casou em 1946, até o divórcio em 1955. Em 1966, casou-se novamente, agora com Matilde Urrutia.Em 1936, explode a Guerra Civil Espanhola. Comovido com a guerra e com o assassinato do amigo Garcia Lorca, compromete-se com o movimento republicano. Na França, em 1937, escreve “Espanha no coração”. Retorna neste ano para o Chile e começa a produzir textos com temáticas políticas e sociais.
No ano de 1939, é designado cônsul para a imigração espanhola em Paris e pouco tempo depois cônsul Geral do México. Neste país escreve “Canto Geral do Chile”, que é considerado um poema épico sobre as belezas naturais e sociais do continente americano.Em 1943, é eleito senador da República. Comovido com o tratamento repressivo que era dado aos trabalhadores de minas, começa a fazer vários discursos, criticando o presidente González Videla. Passa a ser perseguido pelo governo e é exilado na Europa.Em 1952, publica “Os versos do capitão” e dois anos depois “ As uvas e o vento”. Recebe o prêmio Stalin da Paz em 1953. Em 1965, recebe o título honoris causa da Universidade de Oxford (Inglaterra). Em outubro de 1971, recebe o Prêmio Nobel de Literatura.
Durante o governo do socialista Salvador Allende, é designado embaixador na França. Doente, retorna para o Chile em 1972. Em 23 de setembro do ano seguinte, morre de câncer de próstata na Clínica Santa Maria de Santiago (Chile)
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