Poema de paixão dos estilhaços ao vento

camila carreira, poemas de amor, cinzas e rosas, poetisaSonhos de paixão e erotismo


Sonhei meu corpo unificar-se no teu
Liberto no aconchego da tua ternura
Os meus lábios suplicavam-te ávidos
E toda eu pulsava inquieta, por ti
Achava teu olhar a fitar-me, violento
Como a tempestade que se adivinha
Quando os céus a anunciam, negros.
E eu vibrava trépida, rendida, expectante
Sabendo que a força toda do teu olhar,
Era tão só, o amor que tinhas pra me dar.

Senti como é revigorante o amar violento
Possante, desconcertante e turbulento
Um sentir que se grita, faz reviver e vibrar
Que nos arrebata do fácil entorpecimento
E é só assim que quero viver e amar
Sentir o mundo estremecer e troar
Detonar a rotina... implodir o desalento!
E dispersar os estilhaços ao vento!!

                                         *** CAMILA CARREIRA ***

Momentos de cultura e curiosidades poéticas.. 


Fernando Pessoa
O pensamento é enterrado vivo


O pensamento é enterrado vivo
No mundo e ali sufoca.

Sufoco em pensamento ao existir.
Oh, horror! Oh inferno verdadeiro
Passado no frio âmago desta alma
Que se encolhe e arrepia de pavor
Como querendo desaparecer
E é consciente sempre de ter vulto
Para o pavor tomar. Oh sumo horror
Que o universo (...)

Sufoco em alma! Suma-se-me a vida
E a consciência e eu deixe de pensar
De fitar o mistério e sem querer
Compreender-lhe o horror! Abra-me o sonho
Ou a loucura a tenebrosa porta
Que a treva é menos negra que esta luz.

O terror desvaria-me, o terror
De me sentir vivo e ter o mundo
Fechado a laços de compreensão
Na minha alma gelada de pavor.
s.d.
Fausto - Tragédia Subjectiva . Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988.  - 21.
1ª versão inc.: “Primeiro Fausto” in Poemas Dramáticos . Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de Eduardo Freitas da Costa.) Lisboa: Ática, 1952 (imp.1966, p.85).

camila carreira, poemas de amor, cinzas e rosas, poetisacamila carreira, poemas de amor, cinzas e rosas, poetisa






Sem comentários:

Enviar um comentário