Mas toda me versa abrupta do passado
Vertida em memórias pujantes e estridentes
Derramam impiedosas na alma
Persistem e assombram como fantasma
Nítidas... pesadas, vincadas
Ofuscam o presente como o fim de tarde que vem e o dia apaga
Fria de luz fumacenta e vagarosa
esforço de sombras a arrastar
Horas sem fim, o passado sempre a chegar
O instante abalroado nublado
Condenado a nunca singrar
Extinguem-me sorrisos neste Novembro cinza e maduro
Porque o Outubro inevitável foi irremediável e duro -
Imutável escuro
Janela que não abriu nem deu sóis
E por mais que se superem todas as alvoradas –
Não alcanço luz
Agrilhoada no vicio cego de memórias
Vício que não me liberta do rigor,
Olhos presos lá atrás na dor
Fogueira viva onde regresso sem amor
a queimar quimeras como pétalas secas
Sou em mim meu único exílio
Em que o tempo se vive depois
Vou indo por aí que nem sombras
Somando êxtases na orla das palavras que redijo, vã
COMO ANALISAR O POEMA
Este poema evoca uma profunda sensação de introspeção e melancolia, explorando a relação entre o passado e o presente. Aqui estão algumas das principais ideias e temas que parecem emergir:
Relação com o Passado: O eu lírico reflete sobre como as memórias do passado influenciam sua vida presente. O passado é descrito como algo pesado e persistente, que assombra e obscurece o presente, comparando essas memórias a fantasmas que não podem ser facilmente deixados para trás.
Luz e Escuridão: Há uma forte dualidade entre a luz e a escuridão. O passado é associado a uma "escuridão imutável", enquanto o presente é caracterizado pela busca de luz que parece inatingível. Isso sugere uma luta interna entre a esperança e a dor.